A humanidade vai, aos poucos, morrendo para o aquecimento global, afinal, não conseguimos nem nos organizar para conter uma pandemia que é algo passageiro, imagina algo de longo prazo e que tem potencial destrutivo muito maior que é o aquecimento do planeta, não aprendemos
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Como é ser autista e produzir conteúdo para o YouTube
- quarta-feira, maio 24, 2023
- By Ricardo Oliveira
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1) Para quem não sabe, eu tenho um canal no YouTube, e quero falar um pouco nessa thread como é ser autista e ainda produzir conteúdo para essa plataforma de vÃdeos
Para começar, quero deixar claro que tenho o canal desde 2018
Para começar, quero deixar claro que tenho o canal desde 2018
2) Porém, só passei a tratar "o canal a sério" no final da primeira metade de 2020 para cá, postando, em média, 2 vÃdeos por semana, sendo os assuntos relacionados a polÃtica, autismo e mercado de trabalho. Então, falo a partir de uma de conteúdo não voltado só a minha condição
3) Bem, o que me deu mais dificuldade no começo foi a questão de olhar para a câmera, pois eu não conseguia seguir o que costumam fazer, que é olhar na maioria das vezes para a lente, o que podia trazer um distanciamento entre criador de conteúdo e espectador
4) Obviamente eu tive de treinar essa dificuldade que tinha, hoje não digo que esteja perfeito, porém depois de centenas de vÃdeos feitos, creio que eu consiga ficar com o olho na lente enquanto falo por mais tempo
5) A segunda grande dificuldade que tive, e até hoje tenho um pouco, é a parte de edição. Eu uso o Vegas Pro junto com o plugin Vegasaur para editar de maneira muito mais rápida, o que me permitiu conseguir postar duas vezes na semana
6) Claro que a prática ajuda muito na edição, pois depois de editar tantos vÃdeos da mesma forma, você acaba fazendo as coisas de forma quase que "naturalmente" (coloco em aspas porque eu preciso prestar atenção de qualquer forma)
7) Hoje em dia, o que mais me dificulta mesmo é saber o que falar e ter o mÃnimo de 10 minutos que a plataforma recomenda um vÃdeo ter, mas ao mesmo tempo não falar a mesma coisa de forma diferente, ou ser prolixo (diferente de detalhado na explicação)
8) Claro que, durante o processo, eu fiquei mais comunicativo em comparação a época que terminei minha graduação em Comunicação Social, então, pelo menos pela internet, eu consigo participar mais ativamente de eventos online, mesmo os que são transmitidos ao público
9) Sobre o canal em si, a grande dificuldade que vejo é encontrar autistas que possuem canal com temas minimamente similares aos meus e que, principalmente, possuam uma posição de Esquerda sobre a polÃtica
10) A maioria esmagadora de canais de autistas que falam sobre autismo são de conteúdo a partir do individual. Exemplo, "como eu me descobri autista", ou "o que o autista tem de fazer em X situação", não que não seja importante, mas esse tipo de conteúdo existem aos montes
11) Há pouquÃssimos autistas que falam de autismo a partir de uma questão mais coletivista, como falar da comunidade autista, ou de polÃticas públicas e leis voltadas aos autistas, por exemplo
12) Quando se fala de polÃtica então, grande parte dos criadores de conteúdo autistas no YouTube são de Direita ou se apresentam como apolÃticos. Muitos tem uma visão (que é meia verdade) de que tratar de polÃtica "dá treta, ou faz perder inscritos"
13) O problema de seguir essa lógica é tratar o autismo como um mero cercadinho dos mesmos temas que muito autista, pais de autistas, ou profissionais que lidam com autismo já falaram
14) Acredito que os autistas que falem sobre autismo a partir de uma questão coletivista precisem considerar começar a entrar no YouTube para garantir espaço, porque os que estão na plataforma, em geral, não lidam o autismo como algo também social
15) Especialmente os canais grandes de autistas, que acabam mais atrapalhando nesse sentido do que sendo "isentos" disso tudo, bem possivelmente por se adaptar a um público conservador e reacionário do tema, como mães azuis e psicólogos a favor da ABA, por exemplo
16) Creio que seja isso, se eu tiver mais algo a acrescentar, aumento a thread com mais algum complemento
17) Algo que posso acrescentar é que crescer no YouTube é uma tarefa ingrata para qualquer um, autistas ou não. O YouTube não prioriza conteúdo de qualidade, mas sim o que traz engajamento a curto prazo
18) Exemplo, se o meu vÃdeo não tiver um ótimo engajamento (visualizações, tempo assistido de vÃdeo, curtidas, etc) em pouquÃssimo tempo, a plataforma vai recomendando cada vez menos nas pesquisas e nos vÃdeos dos outros, não importando se o tema tem alta procura e poucos vÃdeos
19) Isso desestimula demais o produtor de conteúdo, principalmente quem faz vÃdeos fora do eixo entretenimento, a cada vez trazer mais vÃdeos. Fora o fato de que eu produzo conteúdo duas vezes por semana desde a primeira metade de 2020, algo que não é qualquer um que consegue
20) É muito difÃcil alguém, mesmo experiente, conseguir produzir conteúdo bem feito duas vezes por semana (que é o mÃnimo para o YouTube te recomendar de alguma forma), sendo que, muitas vezes, a pessoa trabalha, tem casa para cuidar, à s vezes estuda, alguns ainda têm filhos
21) Então é falsa essa narrativa de que "qualquer um consegue crescer no YouTube", pois se precisa de conhecimento, dinheiro para ter um equipamento minimamente decente, e os principais, tempo, paciência e disposição
22) Já pensei em desistir algumas vezes, porque a plataforma simplesmente não dá qualquer incentivo para continuar, pelo contrário, joga contra caso você não siga o que está no hype, o que é tendência. Muitas vezes não aproveito o tempo livre com minha esposa para fazer vÃdeos
23) E essa reclamação não parte só de mim, vários criadores de conteúdo, dos mais variados tamanhos e segmentos, falam a mesma coisa. Só cresce rápido na plataforma quem faz conteúdo do nicho que o YouTube prioriza no momento. Infelizmente isso é danoso demais
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