O inferno - Primeiro ano do ensino médio
- terça-feira, junho 19, 2018
- By Ricardo Oliveira
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A experiência mais traumática que tive com certeza foi a vida escolar do ensino médio. Posso dizer que foi um perÃodo onde me sentia um lixo, pois não era respeitado, sofria muito bullying e o descaso dos professores e coordenação eram visÃveis demais.
Mas vamos começar pelo inÃcio obviamente. O primeiro ano de ensino médio foi bem turbulento, pois não sabia o que iria enfrentar ali, eu era oficialmente um "aspirante" a formando de segundo grau. Cheguei e de cara encontrei uma sala bem desorganizada, com alunos que já se conheciam desde o ensino fundamental que, curiosamente, eram da mesma escola, só que de outro perÃodo. Alunos esses que tinham suas próprias formas de agir e eu não tive a oportunidade de me encaixar, mesmo eu tendo a esperança que uma hora tudo mudaria, o que foi um engano enorme, mal sabia eu que aquilo não era nada, comparado do que eu passaria, nessa mesma escola.
Eu tinha alguns algozes naquele primeiro ano, mas posso citar uma que me lembro muito bem, a Camila, uma garota que tinha o estilo rockabilly, ela era uma escrota que se achava superior as outras pessoas. Ela me achava fedorento e ficava passando desodorante em mim, principalmente em dias que havia educação fÃsica, dias esses que eu transpirava mais, devido os meus poucos momentos de alegria no tênis de mesa.
Nesse primeiro ano, conheci uma pessoa que me ajudava de vez em quando, o nome dele é Eduardo Rocha, um loiro gigante e bem alto, sendo uma espécie de guarda costas. Lembro que ele me ajudou em diversas brigas que eu tive com outros colegas de classe, brigas essas que envolviam cadeiras e mesas voando pela sala, sendo um ano que eu ainda enfrentava as pessoas, porque eu queria me impor, mas estava começando a cansar...
Estava ficando cansado, pois a escola, por si só, já sugava muito minha energia, estando cada vez mais odiando ficar naquele lugar, sempre sofri bullying, mas aquele foi o inÃcio de um novo nÃvel de bullying. Misturando bullying fÃsico com psicológico, aprendi ali o que um adolescente tem de pior, era ali que aprendi a odiar adolescentes, mesmo que não tendo consciência disso ainda. Eu achava aquilo um inferno e que não podia piorar de forma alguma, que menino ingênuo, aquilo era somente o começo, ainda faltaria muito mais tempo!
Os alunos não tinham foco nenhum nos estudos e isso me atrapalhava demais, mais do que a dificuldade já natural de estudar assuntos que eu não gostava nem um pouco, como fÃsica, matemática e quÃmica, era horrÃvel. "O inferno existia?" Pensava eu. Deus estava me dando um castigo? Qual era a do Destino? Estava definhando ali, alunos que não gostavam de mim pelo meu jeito de ser, introvertido e sem interesse para assuntos de gente padrãozinho que só sabia falar sobre programação bosta de Globo, como novela, shows, baladas, bebidas e funk, eu não me misturava com ninguém, nem mesmo com o Eduardo, que era um excluÃdo, mas um excluÃdo por pura opção dele, sendo bem no estilo de lobo solitário, só que foda.
Chegando no final do ano, pude ver uma luz no fim do túnel, mesmo que momentânea. Era talvez o fim do tormento? Ano que vem eu mudaria de classe? O que seria de mim? Eu não fazia a menor ideia do que seria o próximo ano!